Trailer de 300: Rise Of An Empire
A ganância de Hollywood em embarcar no sucesso de 300 (300, 2006), de Zack Snyder, já havia sido commprovada com o infame e carnavalesco Immortals (Imortais, 2011), entre outras pérolas de inspiração mais sutil. 300: Ascension Of An Empire é mais uma nova tentativa de resgatar tal sucesso. Desta vez, Noam Murro, assessorado por Snyder e Frank Miller (criador das HQs que deram origem à franquia: 300 e Xerxes - esta última ainda a ser publicada), tenta abrir uma nova franquia cinematográfica e falha neste primeiro trabalho de grande porte.
A história baseia-se nos acontecimentos prévios, simultâneos e pós-Termópilas, onde
o general ateniense Termístocles (Sullivan Stapleton), enfrenta as forças invasoras do Império Aquemênida de Xerxes I (Rodrigo Santoro), lideradas pela vingativa Artemísia (Eva Green).
Desde o início da película, é óbvia a intenção de Murro em seguir o estilo de seu antecessor, marcado principalmente pelo combinado entre as câmeras lenta e acelerada. Na primeira meia-hora de filme, ele se sai bem (como a bela sequência da Batalha de Maratona), mas perde o controle no restante do filme. O impacto das cenas em slow motion torna-se um recurso randômico e desesperado que não empolga e cansa o telespectador.
O desenvolvimento de Xerxes pelo roteiro é interessante, porém se torna desnecessário com o abandono da personagem ao longo do restante do filme. O destino pífio de Scyllias (Callan Mulvey) nos faz questionar: "Por quê não Temístocles?". A ansiedade em tentar repetir o sucesso de 300 "ressuscita" personagens desnecessários, encaixados na trama de maneira frágil e superficial. Entretanto, como não se pode questionar o talento de Snyder e Miller, não fica claro se fora um lapso de criatividade, preguiça ou falta de fé no projeto (e eu votaria neste último).
Para compensar esta despreocupação por parte dos roteiristas, Murro utiliza-se de clichês que insultam a inteligência do público. A sequência da Batalha de Maratona comprova a relevância do elmo usado por Temístocles, salvando-lhe a vida por pelo menos duas vezes. Para, logo depois, o próprio retirar o elmo no meio da batalha e sem motivo algum, para apenas apresentar a face do protagonista ao público. Assim como Artemísia, a vilã, passa todo o longa-metragem procurando um líder digno de comandar o seu exército, que somente ela seria capaz de liderar. Para, ao final, atirar-se em meio à batalha, colocando em risco a invasão ao deixar toda a sua frota sem um comandante apto. E há mais: a embarcação de óleo que explode como pólvora, a pintura de guerra (eles são gregos ou tribos africanas? Ou ameríndios primitivos? Fala sério, né...) de Calisto (Jack O'Connel), etc...
Os diálogos são rasos. Os discursos não convencem ninguém. As frases de impacto são extremamente forçadas e fracas. Stapleton até se esforça, mas falta-lhe o carisma de Gerard Butler para carregar o filme como protagonista. Green, com bastante espaço, destaca-se, apesar de um pouco caricatural. A impressão final é que nem os próprios atores levaram o filme à sério. Já os efeitos visuais em 3D funcionam bem, trazendo profundidade e realidade às batalhas, e são competentes (apesar da irrealidade do sangue digital que jorra na telona ter me incomodado bastante) ao tentar manter a mesma atmosfera de seu antecessor.
Enfim, 300: Rise Of An Empire não passa de uma encheção de linguiça que culminou numa mistura de Troy (Tróia, 2004) com Immortals (Imortais, 2011). Um resultado inidvidual ainda melhor que os previamente citados (o que não seria muito difícil de realizar), mas que não sentiríamos nenhuma falta se Leônidas tivesse chutado para o fundo do poço...
Daniel Lima